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Cradle to Cradle (Do berço ao berço)

21 Maio

Quando olhamos para os métodos de produção do ser humano, uma coisa nos salta aos olhos: o desperdício; principalmente de materiais e de energia. Nós tiramos matéria prima da natureza, criamos novos componentes e, no final do ciclo, algumas (poucas) partes são recicladas e o restante é empilhado em uma montanha de resíduos que poluem o meio ambiente. O que fazer com isso vem sendo um grande problema…

Porém, o químico Michael Braungart e o arquiteto William McDonough estão há tempos trabalhando para que essa montanha de resíduos deixe de existir. Eles são os responsáveis por disseminar a filosofia do cradle to cradle, que em português significa do “berço ao berço”.

Para eles, não basta desperdiçar menos – menos pior, continua sendo ruim; é preciso eliminar de vez os resíduos dos métodos produtivos. O atual modelo (chamado pelos autores de cradle to grave; em português, do berço à cova) “extrai – produz – distribui/vende – descarta” é extremamente nocivo para o meio ambiente, e ele deve ser substituído por um modelo de desperdício zero. E o ensinamento vem da própria natureza: o que é resíduo em um sistema, é matéria prima em outro.

De acordo com Michael e William, basicamente, os produtos devem necessariamente integrar um dos dois ciclos: o biológico ou o técnico. No primeiro, um produto, após ser utilizado, sofrerá a degradação natural e voltará para a terra como nutriente para que uma planta seja alimentada e possa entrar novamente no ciclo de produção (por exemplo: uma camiseta biodegradável, que após o uso, se transforma em adubo para o pé de algodão que será colhido, processado e transformado em tecido novamente). No ciclo técnico, os produtos deverão ser pensados de uma forma que todos os seus componentes sejam separados, sofram um processo de repolimerização (uma “restauração”) e sejam novamente remontados no mesmo produto (por exemplo: uma bicicleta que, após muito uso, é levada para a desmontagem, as peças passam pelo processo de “restauração” e são posteriormente remontadas para que a bicicleta seja colocada à venda novamente).

A ideia parece utópica, mas muitas empresas já contrataram a consultoria do McDonough Braungart Design Chemistry (instituto dos dois autores) para implementar o cradle to cradle em suas linhas de produção. Claro que a substituição do modelo atual é um processo bastante lento; mas é através da mudança de postura que se alcança um resultado diferente.

Todo o conceito é amplamente explicado no excelente livro chamado Cradle to Cradle: Remaking the Way We Make Things (em uma tradução livre, Do berço ao berço: refazendo a maneira como fazemos as coisas – por enquanto, o livro ainda não tem tradução para o português) e no site oficial dos autores (também em inglês).

Kalundborg Symbiosis

30 Abr

O nome é confuso, mas na cidade dinamarquesa Kalundborg, existe algo sem precedentes no mundo: uma cadeia sustentável de produção; o Kalundborg Symbiosis, a perfeita definição de Ecologia Industrial.  Funcionando como um ecossistema fechado, diversas indústrias fornecem a outras os seus subprodutos. Da mesma maneira que uma folha ao cair de uma árvore passa a fazer parte do solo, as indústrias utilizam os resíduos umas das outras como matéria-prima. Dessa forma, não existem acúmulos e o ciclo se fecha. Por isso o nome simbiose, emprestado da biologia, que significa uma cooperação mútua entre indivíduos (nesse caso, empresas) com benefício para ambos.

Quando o projeto começou a ser construído em 1961, o mapa das indústrias era assim:

Em pouco mais de 50 anos, hoje ele é muito mais complexo e integrado:

Além dos benefícios óbvios ao meio ambiente, a economia de dinheiro que as indústrias têm é impressionante. Assista a animação abaixo (em inglês, sem legendas) para entender melhor como funciona esse ecossistema industrial: